sábado, 11 de outubro de 2008

HISTÓRIA DO KARATÊ

O Karatê surgiu no reino dos Ryukyu, leste da Ásia, atual Okinawa, Sul do Japão e deve o seu surgimento principalmente a proibição ao uso de armas por causa de um edito governamental.

De acordo com Funakoshi (1998) a primeira proibição de armas foi realizada durante o período dos três reinos, que possivelmente, Ba Kin menciona em seu Chinsetsu Yumihari-zuki (“Contos de camélia da lua em arco”).

Ainda segundo Funakoshi (1998), até o início do século XV, os Ryukyus eram divididos em três reinos independentes – Chuzan, Nanzan e Hokuzan – cada um lutando pela supremacia sobre os demais. Chuzan se impôs, e o país foi unificado sob seu rei, o grande Sho Hashi [1372-1439]. Imediatamente e com muita determinação ele começou a implantar um governo civil. Tornou oficialmente público um decreto proibindo estritamente a posse de armas, mesmo que se tratasse de uma espada enferrujada, e reuniu estadistas e sábios de toda a nação para formar uma administração verdadeiramente centralizada.

A segunda, e talvez principal proibição, aconteceu durante o período chamado Sengoku, que foi a guerra civil do Japão (1467-1568). Quando o reino dos Shimazu rendeu a muito custo o reino dos Ryukyus e as armas passaram novamente a ser proibidas, dessa vez, tanto para a população como para as classes mais elevadas e isso obrigou os moradores a desenvolverem um método de luta com movimentos ágeis e vigorosos.

Aliado a isso, devido sua privilegiada localização geográfica, Okinawa mantinha relações comerciais com a Índia, a China e o Japão e também trocava experiências sobre golpes e técnicas de luta das diversas artes praticadas nesses países, o que, misturando-se às várias correntes Shaolin de Kung Fu e ao Kenpo Chinês juntamente ao To-De de Okinawa, contribuíram para a criação do Karatê.

Contudo, nesse período, o Karatê-Dô era praticado de forma clandestina e quase que sempre as escuras, durante as frias madrugadas em Okinawa. Nesse período começa a destacar-se a figura de Gishin Funakoshi, aluno de Azato e Itoso, duas das maiores autoridades em Karatê de Okinawa.

Formado em pedagogia e iniciando sua carreira profissional em uma escola primária, o jovem Funakoshi, que nascera prematuro a teve uma infância difícil por causa de um grave problema respiratório, observara que, mesmo tendo que enfrentar diariamente uma longa caminhada noturna, da casa de seus avós, onde morava, até a casa de Azato, com o passar dos tempos, seu corpo adquirira resistência e já não apresentava mais a debilidade que antes o incomodara. E Foi nessa época que, parafraseando Funakoshi (2004), ele pensou em fazer do Karatê seu modo de vida, pois, mais até do que gostar de Karatê, ele sentia que era graças a esta arte que sua saúde estava restabelecida.

Então, como já não era mais proibida a prática do Karatê-Dô e após tantos anos de estudo e dedicação, começa a entrar em evidência a figura e o nome de Gishin Funakoshi, foi quando, segundo Funakoshi (2004), aproximadamente, ao final do ano de 1921, ele teria sido convidado para fazer uma apresentação da arte de Okinawa na capital japonesa, Tóquio e quando se preparava para retornar a Okinawa, recebera um novo convite, dessa vez do renomado mestre de Judô, Jigorô Kano, que lhe pedira para proferir uma palestra em sua academia Kodokan Judô, onde teve a honra de ensinar-lhe algumas formas – Katas, a pedido do próprio Mestre Jigorô.

A popularidade do Karatê-Dô em Tóquio foi tamanha que, apesar de passar por momento de intensa penúria, Funakoshi conseguiu montar seu Dojô (academia), chamado-o de Shotokan, que significa casa (kan) de Shoto (som do vento nos pinheiros), psedônimo com o qual Funakoshi assinava suas poesias.


Segundo Funakoshi (2004), o Karatê começou a se internacionalizar com a assinatura do tratado de paz entre Japão e Estados Unidos, após a segunda grande guerra mundial, foi quando, os aviadores americanos, tendo contato com esta arte, sentiram-se profundamente interessados até que conseguiram levá-la para seu país, daí foi mera questão de tempo para que o karatê se difundisse e se tornasse uma das artes marciais mais praticadas em todo o mundo.

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